5% de Reajuste e 95% de Violação, Hostilidade e Desrespeito

É preciso fazer justiça diante dos atos do Governador e dos Deputados Estaduais que, sistematicamente, violam os direitos dos servidores públicos e desonram quem dedicou a vida ao serviço da população.
Defender o que é certo e lutar contra a injustiça é essencial. Como dizia Santo Agostinho, a esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a transformá-las.
Tramitação a Jato
No último dia 13 de maio, os Deputados Estaduais de São Paulo aprovaram, em tempo recorde, projetos de reajuste salarial de 5%. O aumento foi concedido ao próprio Governador, cujo salário passou a ser de R$ 36,3 mil; aos Deputados, R$ 34,7 mil; ao Vice-Governador, R$ 34,5 mil; e aos Secretários de Estado, R$ 32,7 mil.
Para os servidores estaduais, o mesmo percentual foi aplicado. Esses projetos, enviados pelo Executivo no dia 05/05, tramitaram com velocidade incomum. No dia 13/05, à tarde, o Colégio de Líderes decidiu pela convocação de um Congresso de Comissões, realizado pouco mais de duas horas depois. À noite, os projetos já estavam aprovados em plenário, sem passar pelas comissões de forma individualizada, como exige o rito ordinário.
Paralelamente, tramita o Projeto de Lei 412/2025, que define metas e prioridades da Administração Pública Estadual e servirá de base para a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026. A LOA é debatida com a população nas audiências públicas promovidas pela Assembleia Legislativa, que percorrem o estado no segundo semestre.
Vale lembrar: o orçamento aprovado pela Alesp para 2025 prevê R$ 372,45 bilhões em receitas — o maior da história de São Paulo, segundo a própria Secretaria da Fazenda e Planejamento.
Diante disso, é chocante e decepcionante a proposta de um reajuste de apenas 5% para os servidores públicos. O índice está muito aquém das perdas inflacionárias e não preserva o poder de compra dos salários.
Realidade dos Professores
O último reajuste com impacto real no salário-base dos professores ocorreu em 2023 – e foi insuficiente para repor perdas acumuladas ao longo dos anos. Em 2024, como tantas outras categorias do funcionalismo, os educadores paulistas não receberam nenhum aumento no salário-base. Foi concedido apenas um reajuste no abono complementar, referente ao Piso Nacional do Magistério (Lei nº 11.738/2008), pago de forma indevida como abono – o que impede a incorporação aos benefícios como quinquênios e sexta-parte.
Além disso, o reajuste de 5% não foi retroativo à data-base (março), como seria justo, passando a valer apenas a partir deste mês de junho, com a sanção do Governador. A medida afeta professores da ativa, aposentados e pensionistas com direito à paridade.
Em um Estado com o maior orçamento da Federação, não há justificativa aceitável para tamanho descaso.
Basta de Humilhação
Já passou da hora de dar um basta. Como disse Pierre-Joseph Proudhon: “Os grandes só nos parecem grandes porque estamos de joelhos. Levantemo-nos.”
Chega de humilhação, traição e repressão. É preferível viver uma vida marcada por lutas e indignação do que se curvar à mediocridade de um sistema político que desrespeita seus cidadãos. Indigna ver tantos brincando com a vida dos outros, sem qualquer responsabilidade social. Falta vergonha na cara — e sobra omissão.
Como bem disse Umberto Eco: “A indignação, para o sábio, é a porta de entrada para a transformação.”
Colegas aposentados e pensionistas, é hora de acordar para o fato de que as mudanças sociais começam dentro de nós. A forma como encaramos a vida faz toda a diferença. É tempo de reagir, pressionar a Assembleia Legislativa, participar das audiências do Orçamento e exigir respeito. Exigir um reajuste digno.
Eles só estão no poder porque foram eleitos — e 2026 está logo ali. Será ano de Eleições para Presidente, Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Governadores.
A luta é de todos nós. Chega de descrença!
Por Walneide Romano, presidente da Apampesp